"Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings" (ou "Shang-Chi" !! ;-) ) tenta merecer seu lugar depois de 24 filmes e 13 anos com o público recebendo a mesma receita, levemente ajustada de filme para filme.
Por qual razão a "contextualização histórica"?
Pois "Shang-Chi" busca fugir da fórmula conhecida e apresentar algo diferente com uma abordagem um pouco (só um pouco) fora dos seus antecessores.
Essa nova aposta poderia ser vista em sua essência, quase como uma grande fantasia que apresenta todo um mundo de seres fantásticos e uma marcante homenagem a filmes de artes marciais orientais. Ex. : as lutas com arames suspendendo os atores estão lá, isso se realmente forem arames e não efeitos especiais (e são muitos neste filme ¯\_(ツ)_/¯ ).
A artimanha de "Shang-Chi" é tentar te entregar todo um combo, que ambiciona ser funcional e agradável para a audiência:
-Uma nova mitologia no já "batido" universo que está inserido;
-Personagens de outros filmes com participações especiais e a princípio, não gratuitas contribuindo para o futuro da "franquia". Sim a ideia sempre será haverem franquias renovando a franquia "principal" que é o universo Marvel;
-Mocinhos(as) sendo perseguidos(as) e testados(as) em suas habilidades com sequências de luta surreais para tentar lhe prender atenção;
-Vilão com alguma humanidade e "nobre motivação";
-Alívio cômico habitual, mas que pode soar um pouco artificial e datado;
-Seres de outra realidade, literalmente.
"Shang-Chi" junta tudo isso no que pode ser a primeira mitologia fantástica, baseada em um universo particular em que a fantasia pode ser usada de forma livre e tratada "naturalmente", afinal, ninguém se espanta ao ver dragões gigantes, certo?
Essa naturalidade frente ao fantástico chega a ser um pouco ridícula, quando personagens fora daquela realidade "diária" presenciam situações inacreditáveis que não tem origem na tecnologia, magia ou o que for...que "talvez" possa ser habitual a essas personagens.
Elas simplesmente estão em um "novo e inédito mundo", onde a surpresa não dura mais do que um "ooh", se houver. É uma naturalidade superficial demais.
Bom, isso é um problema? Como sempre, depende do cruzeiro que você comprou a passagem e para onde deseja ir.
"Shang-Chi" escolhe uma proposta e pode desenvolver de forma satisfatória, sendo uma fantasia leve para todas as idades e sem muita profundidade, onde seus conflitos que seriam "pesados" ficam na insinuação não desenvolvida e essa parece ser a intenção.
É interessante como você pode notar o desejo de oferecer belas e bem coreografadas lutas marciais, cenários que desejam equilibrar o belo e o "real", leves conflitos familiares, seres colossais (vide o embate final) auxiliados por muita computação gráfica. Com tanta coisa flertando com essa fantasia fantástica, é difícil não se pegar prestando mais atenção se o que acontece em tela é "tão bem feito que parece real (?)" ao invés de simplesmente permitir-se curtir tudo aquilo e a história.
O que "Shang-Chi" pode passar por "incorreto" talvez seja mais ressaltado por uma percepção na mudança da "receita do bolo" (Luta, ação, sem profundidade, porrada, efeitos especiais bons, toques cômicos em maior ou menor grau de acordo com o filme, luta, porrada, aventura rápida e quando tudo acabar, se houver tempo, repete! ;-) , do que realmente por uma falha grosseira em sua execução.
No que se propõe faz a entrega, mesmo que não necessariamente possa ser algo marcante e revolucionário (o que é uma pena) e quem sabe com novas inclusões possa passar uma percepção mais profunda (realmente mudando a receita do bolo), na história que se propõe contar.
Bora curtir?
P. ;-)
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