I Care a Lot (44) | Filme

"I Care a Lot" já chega chegando, explicando qual é a mecânica funcional no mundo - muito simples a princípio:

“Existem dois tipos de pessoas neste mundo. As pessoas que tomam e as que perdem. Predadores e presas. Leões e cordeiros.”

“Meu nome é Marla Grayson e não sou um cordeiro. Eu sou uma leoa fod@ para c@r@lio.” 

Caso você não se ofenda com sua protagonista seguindo essa linha de raciocínio (eu espero que não), você acompanhará algo bem... Interessante pela forma como ela obtém sucesso!

De forma eficiente e rápida, nos primeiros cinco minutos você já terá toda a informação necessária para entender o jogo e "torcer" pela cativante Grayson, graças a uma interpretação raivosa, cirúrgica, cínica e marcante da atriz principal. O filme é dela e não estou dando Spoiler, ele já chegou nos primeiros cinco minutos deixando isso muito claro! ¯\_(ツ)_/¯

Daí em diante, todo o lucrativo modelo de negócios é destrinchado, detalhado e para desespero da audiência há o questionamento automático: "O quão longe da realidade isso pode estar? O mundo não é puro e casto. É vil e traiçoeiro muitas vezes!"

Usando uma estrutura padrão funcional para desenvolver sua trama, você vai acumulando informações e com vinte e seis minutos há o primeiro sinal de perigo no ar que gratamente é desprezado em prol do puro sentimento de ego, impunidade e lucro. Grayson não chegou aqui, por sorte. Ser um macho alfa não tem nada a ver ver com o que se tem no meio das pernas e isso é deliciosamente retratado pela acidez e agressividade inteligente em seus diálogos.

Grayson é uma personagem que não é facilmente intimidada, ela é retratada magistralmente como uma força da natureza, fria e ambiciosa. 

O roteiro provoca extremos justamente para mostrar isso e sem perder tempo, Grayson recebe pela marca de 1:02hs o segundo aviso de que não há vergonha em recuar frente a alguém maior do que você e aí vem o momento de decidir: "Você realmente é o predador ou um cordeiro que apenas não encontrou um predador de verdade?" 

"I Care a Lot" pode te fixar na tela pela forma inteligente e bem composta de sua "mocinha", ela não é impulsionada apenas por ganância pois existem camadas de motivação ali e novamente, a atriz entrega momentos de intimidação, nuances de sensibilidade(???) e até alguma fragilidade.

Nada a desmerecer às "vítimas" aqui, estão muito bem em seus momentos. Há frieza, ódio, desconforto e repúdio pela situação que se encontram graças a Grayson.

O que pode chamar atenção negativamente a alguns é justamente na reviravolta que conduz ao fim do filme que talvez, saia um pouco demais da curva de coerência que o filme, embora uma ficção, tentou trazer até ali.

Talvez essa opção do roteiro traga um fim "fácil demais" e no final, literalmente, na última cena pode ter a carência do abuso da provocação que foi arquitetada durante todo o mote e desenvolvimento da trama. Estraga então o filme? Absolutamente não, mas pode dividir algumas opiniões. 

E aí? Alguém será que é #TimeGrayson? ;-) 

P. ;-)

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Rosamund Pike, Eiza González, Peter Dinklage, Dianne Wiest