Succession (41) | Temporada 3
Fazendo jus a seu nome, "Succession" prossegue em sua história para definir o futuro de "Waystar" e não se preocupe, há algo bem interessante sendo construído nesta temporada.
O final poderá lhe surpreender e tenha certeza, trará uma quarta temporada totalmente nova ao entregar algo que mudará a forma como essa família se percebe individualmente.
Apesar dessa talvez não ser uma temporada entregando e desenvolvendo tudo que apresenta, ela ainda assim pode ser muito mais completa e estruturada que muitas outras séries, o que não necessariamente decepcionará sua cativa audiência.
O arroz com feijão, tão gratificante em "Succession", está presente e elevado a extremos.
Se antes as personagens eram "apenas" sátiras, agora há o exagero da surreal excentricidade por comportamentos ainda mais exóticos e tão naturais à família Roy e agregados. Essa doentia, desequilibrada e quase sádica dinâmica familiar segue presente nesta temporada, obviamente.
Egos inflados a cada oportunidade pela busca de aceitação ou mera execução da lembrança de como o poder está distribuído, fazem um coquetel explosivo e constante. Com os Roy não é válido buscar estabelecer sua posição de dominância, mas uma pacata e útil serventia se deseja sobreviver (ou não?).
Se por um lado a entrega dessa distorcida família é muito bem executada, as tramas corporativas podem ser percebidas com alguma superficialidade. Há o choque do desafio entregue acompanhado por um desenvolvimento raso e sem consequências - necessárias em um mundo real. Pela escolha de ater-se a um mundo não fantasioso em suas regras, essa parte da trama pode ser quase fútil e desencontrada.
Ela quer ser grande, impactante, perigosa e cativante (o que executa individualmente nos episódios), mas quando toda a magia termina e você digere um episódio e o outro, fragilidades e furos surgem e pode causar um sentimento de que nada está efetivamente ocorrendo, como poderia.
Há um problema? Talvez.
Quando analisa-se o perigo da temporada, o desenlace e a resolução aliada a certeza da qualidade do produto que é entregue, ressaltado pelo esmero de toda a equipe técnica, essas pontas desenvolvidas com "menos empenho" ali no meio de campo, no "desenlace", podem gerar alguma decepção. Talvez ser superficial por opção, sem buscar grandiosidade possa ser uma escolha mais produtiva, nesta aspecto corporativo da série.
Agora, essa ponta "solta" é suficiente para diminuir a grandeza da entrega total?
Caso "Succession" seja para você o brilho das interpretações acima do habitual de forma uniforme, em quase todas as personagens principais, as situações inusitadas que remetem riso, desconforto, vergonha e solidariedade ou a luta interna de irmãos cegos pela busca do afeto paterno - todos destituídos de equilíbrio emocional por anos de "tortura psicológica", então você ignorará o que o roteiro não oferece com tanto cuidado e apreciará toda essa luta por poder, pois é aí que que a saga da família Roy tem sua grande vitalidade, trazida de forma nítida e arrebatadora.
É interessante ser honesto em perceber falhas e reconhecer que ainda assim, há uma gama de acertos tão grande que ofuscam qualquer percalço pelo meio do caminho.
"Succession" é uma fera que não pode ser enjaulada e cresce pela soma de todo o excelente cuidado no que é importante para que ela seja lembrada por mais que 30 dias após seu fim de temporada.
Suas armas de batalha, reforçam o que já funcionou nas temporadas passadas: trilha sonora (note seu uso em pontos chave da trama) ambientalizando personagens com camadas de fragilidade, dor e sagacidade, vestindo figurinos que trazem personalidade ao transitarem por locações que produzem o efeito necessário para te lembrar que esse é um mundo fora da curva. A exagerada riqueza os desliga da realidade e torna-os rebeldes imaturos.
O roteiro constrói todo um castelo de intrigas, decepções e mesquinharia com diálogos ferrenhos e sutis, muitas vezes em poucas palavras. Raramente há um monólogo, o vai e volta entre as personagens é rápido e destrutivo demonstrando que todos são falhos e egoístas.
Teu filho (ou pai) favorito é um ser digno de pena e não admiração quando despido e visto friamente por suas ações. Todos se veem como puros até admitirem quem são na frente do espelho - alguns não têm essa capacidade e parte da graça pode ser essa (?).
Daqui em diante, uma ovação contida aos intérpretes:
Roy 1 - É inegável a capacidade de transitar por fragilidade, dor, foco e força (?) com tanta naturalidade;
Roy 2 - Sutilezas, trejeitos e frases de efeito entregues com precisão. A incapacidade do capaz (?);
Roy 3 - A dissimulação com egoísmo e manipulação, regado a ambição sem carinho (?);
Roy 4 - Roteiro e texto não ajudaram, mas foi o que foi, bem feito;
Roy 5 - Uma força racional, avassaladora e implacável. Quando um intérprete acerta a mão, acerta-se com finesse;
Roy 6 - Um lobo entre coiotes, cada cena é calculada e entregue de maneira cirúrgica. Não há desperdício. Cada gesto é essencial na personagem;
Roy 7 - Cada ano, mais excentricidade e complexidade construindo uma personagem que evolui mais e mais.
Participação especial 1 - Que decepcionante. Não efetuou uma entrega digna de nota e podia ser qualquer outro ator;
Participação especial 2 - Não fez nada de relevante (culpa do material ou estava no automático), mas ao menos para mim, demonstrou possibilidades na personagem. Poderia ser qualquer outro ator, também.
Participação especial neste ano, foi osso! ¯\_(ツ)_/¯
E aí, quem é teu preferido?
P. ;-)
#Succession #HBO #HBOMAX
#SarahSnook #JeremyStrong #BrianCox #KieranCulkin #NicholasBraun #MatthewMacfadyen #AlanRuck #AlexanderSkarsgard #AdrienBrody
Sarah Snook, Jeremy Strong, Brian Cox, Kieran Culkin, Nicholas Braun, Matthew Macfadyen, Alan Ruck, Alexander Skarsgård, Adrien Brody
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pela sua opinião! ;-)