1917 (50) | Filme

1917 (50) | Filme

"1917" é um filme que segue a temática guerra trazendo os esperados tiros, bombas, explosões e o caos do campo de batalha, com duas ferramentas narrativas pouco usuais nesse gênero e formato específico:

- Centralizar sua atenção em duas únicas personagens e sua missão;

- Optar por simular toda a progressão da história como se houvesse sido filmada em "tempo real", como um longo plano sequência. Sagazmente você é levado a crer que não ocorreram cortes na filmagem e que uma única câmera, acompanhou tudo, do começo ao fim. 

Por si, esse formato de edição já vale a espiada no resultado, mas não se preocupe que há mais para dedicar atenção.

Ao restringir em muito seu núcleo principal, são duas personagens na tela e uma vastidão de "extras" que aparecem uma única vez, há o risco de entregar uma experiência final pouco memorável ou interessante, afinal, eles interagem com alguém e seguem correndo. Como há "pouco tempo" para criar uma memória afetiva com a audiência, houve uma sacada que pode ser interessante.

As interações ocorrem com uma longa lista de atores já conhecidos, que mesmo que você não saiba o nome, te dão aquela sensação "Onde já vi esse ator?", como um bônus legal. 

Eles entregam o suficiente para não ofuscar as personagens principais, mas na quantidade exata de atuação para passar sua mensagem, auxiliar na progressão da história e atrair sua atenção, diminuindo a impressão de que o filme é um desfile por inúmeros desconhecidos onde a locação principal é o meio do campo de batalha, por trincheiras com muitos soldados indo e vindo ou protegendo-se de bombas. Este é um filme de guerra e isso não é esquecido em nenhum momento. 

Percebe a importância da "conexão" com rostos já conhecidos?

Você segue por um bom par de figurantes e em momentos "chave" você tem participações especiais enfatizando a gravidade do que ocorre naquele momento, ao mesmo tempo que ancora sua experiência visual para que o filme seja mais do que uma ágil edição de vídeo em meio a tantos tiros.

Apesar do tema abordar sensações como angústia, sufoco, tensão e desespero pela vida - equilibrada no fuzil com a afiada baioneta, "1917" ocasionalmente diminui a adrenalina na expectativa de, quem sabe, causar a inquietude da incerteza pelo que virá, pois as personagens estão literalmente com tiros e bombas em cima delas, quase todo o tempo.

Aqui vale a percepção (ou a escolha) de que licenças artísticas são tomadas para algumas situações (pouquíssimas) ocorrerem no filme, quando em um momento real de guerra seriam difíceis ou até impossíveis e essa "irrealidade" pode diminuir a experiência para algumas pessoas, pois nada daquilo quer ser ficcional ou lúdico e há um desligamento disso em parte pela necessidade de manter a ação em "tempo real" e com "uma câmera".

Há de ceder, pois ou haveria uma transição mais sutil entre "fases" do filme ou manteria-se esse ousado formato visual, que traz uma marcante característica ao filme.

"1917" pode ser engajador por sua grande arma visual e ainda que com poucas mortes ocorrendo em cena, retratar de forma competente o quão desconfortável, má e dolorosa uma guerra pode ser sem diminuir a atenção de suas duas principais personagens e na vital necessidade da execução de sua missão.

Já pegou sua munição?

P. ;-)

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